Ser yawo é nascer para o orisa (casar-se com ele). Mas lembre-se casamentos desfazem-se e esse laço é para sempre. Quando você é iniciado, ganha para si uma família completa, então a partir dessa data eu tenho além da minha família sanguínea, a minha família de asé, à qual eu devo respeito e amor.
Iniciar-se no candomblé é aceitar começar tudo de novo. Aprender os gestos mínimos de educação, esforçar-se para falar palavras cotidianas num dialeto tribal que até à pouco você ignorava, cantar e dançar perfeitamente sabendo que aquilo não é uma simples festa mas sim a sua forma de contacto com quem lhe deu um sopro diferente de vida. Tornar-se yawo é abrir mão do cabelão, é passar dias isolada longe da sua rotina e das pessoas.
É comer, vestir, acordar, dormir, rezar, viver completamente diferente. É chorar de emoção depois do primeiro ilá do orisa, é abraçar emocionada quem te acompanhou nesse processo, recebendo um sorriso que diz silenciosamente “você nasceu”!
É aceitar com resignação meses de privações que vão desde o conforto da sua cama, até ao seu vestido preto preferido. Passando pela ausência da cerveja com os amigos, as festas, o churrasquinho e até o café.
Ser yawo é viver 7 anos como tal. É beijar o seu fio e agradecer por ter nascido.
Ser yawo é simplesmente ser feliz por pertencer ao asé, por ter a honra de poder representar o seu orisa em terra.
Asé


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